segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Girândola dos Amores / O Mistério da Tijuca

            O que leva um ser humano ao encontro das letras e ao fazer poético? Uma faísca da inspiração divina, uma necessidade incoercível de expressar o que lhe vai na alma, um desejo de escrever o mundo real como se fosse uma mimese. Tudo isso ou parte disso ou uma variação disso... Para Aluísio Azevedo nada disso. Sobre ele paira a acusação de escrever por interesse financeiro direto. Uma necessidade e um desejo de sair da província e sobreviver na metrópole, o Rio de Janeiro, por quaisquer meios - e o ofício de escritor seria um deles apenas. Intenções corriqueiras entre tantos jovens e velhos, embora problemáticas para um filho de comerciante do qual o pai esperava a continuidade nos negócios familiares. Desejo filial tornado possível com a morte paterna e a necessidade de uma fuga dos desafetos que proliferaram na cidade natal a partir do lançamento da primeira obra: O mulato, um violento libelo contra os preconceitos raciais e o modelo de estratificação social vigentes no Brasil de modo geral e tão evidentes nas tratativas provincianas. Aquela acusação encontra prova no abandono do ofício de escritor tão logo conseguiu outra atividade que o permitisse sobreviver. Nomeado para o serviço consular, o autor parou de escrever literatura e jamais cumpriu sua documentada intenção de fazer uma espécie de comédia humana de brasileiros antigos e modernos. Sobre tal inspiração, ainda pairaria a responsabilidade por textos de qualidade inconstante. Caso em que se poderia enquadrar, inclusive, Girândola de amores, de inconstância evidente desde o título. Lançada em primeira edição como Mistérios da Tijuca, a novela recebeu, nas edições posteriores, o nome com que aparece aqui. Sob um título ou outro, o leitor vai deparar com uma novela na qual a ação se desenrola no momento em que foi escrita e mostra um centro da cidade e bairros como o Rio Comprido, Tijuca e Botafogo, com várias características que hoje, depois de túneis, metrô e viadutos, se perderam. Do mesmo modo, a trama, banal e popularesca, é marcada pela presença de uma personagem acometida por uma nevrose muito característica das mulheres daquele tempo, a histeria. Afecção psicopatológica que, por coincidência, um jovem médico alemão, de ascendência judia, pesquisava naquele momento e cuja elucidação seria ponto de partida para uma das principais correntes psicoterápicas e de conhecimento do século XX. Deixando por conta do leitor confirmar ou refutar as acusações aludidas acima, recolhidas sempre dos críticos e historiadores de literatura brasileira, a história é, sem dúvida, um bom exemplo de uma literatura de fácil assimilação por um grande número de leitores, com certeza, um de seus objetivos mais importantes. Mantendo fidelidade a tais intenções, o texto apresentado aqui é resultado de um cotejo entre a 8ª edição da Livraria Martins e Instituto Nacional do Livro, que recebeu a introdução de Eugênio Gomes, e a edição preparada pela Garnier, em 1900, que veio a lume com uma bela capa vermelha, fazendo fundo a letras pretas góticas, como convém a uma boa novela de mistério. O produto final recebeu atualização ortográfica, acrescida da correção de cacófatos e de pontuação

A mortalha de Alzira

           A mortalha de Alzira é o oitavo romance de Aluísio Azevedo, já conhecido do público leitor por obras como O mulato, de 1881. Publica A mortalha de Alzira sob o pseudônimo de Vítor Leal, em forma de folhetim, no jornal Gazeta de Notícias, de 13 de fevereiro a 23 de março de 1891. Em 1892 A mortalha de Alzira será publicado em volume, alcançando muito sucesso: foram vendidos 10.000 exemplares em três anos, o que, na época, foi considerado um recorde. A mortalha de Alzira é o único livro do autor que se passa na sua íntegra fora do país, na França, no período do reino de Luís XV, século XVIII, nos arredores de Paris. Sua história é a eterna luta entre a fé e o erótico: o padre Angelo busca desesperadamente reprimir sua paixão pela cortesã Alzira. Mostra também Aluísio Azevedo a corrupção da Igreja, sua ligação com a aristocracia em processo de decadência. Aluísio Azevedo viveu num período em que a luta da fé contra o livre pensamento estava na ordem do dia: no Brasil, o comportamento do clero, devasso e corrupto, levava os escritores a uma posição anticlerical, e A mortalha de Alzira pode ser considerado um documento nesse sentido. Os romances-folhetins eram em geral romances românticos, mas, quando do início da escola naturalista, faziam muito sucesso os elementos naturalistas que, convivendo com a intriga romântica, passaram a aparecer nos folhetins. Neste momento, na França, havia uma forte onda anticlerical, com a campanha pela criação das escolas leigas. Da França (Zola) e Portugal (Eça de Queirós) vieram as principais influências da escola naturalista, inaugurada por Aluísio Azevedo com O mulato. Em A mortalha de Alzira encontramos elementos românticos (sonhos, devaneios) e naturalistas. A corrente naturalista no Brasil seguiu o período de mudanças profundas por que passava a sociedade brasileira: decadência da estrutura agrária; fim da guerra do Paraguai; movimentos abolicionistas; luta da Igreja Católica contra a Maçonaria; a vida urbana e seus trabalhadores livres; revolução nas ciências. Em todo o mundo, houve avanços nas pesquisas científicas e na avaliação da importância do conhecimento científico. Falava-se do mundo racional, em oposição ao mundo fantasioso e cristão, de verdades absolutas, do período medieval. A literatura da era "materialista" no Brasil desdenhará o sentimento, e com ele o sentimentalismo romântico, indo buscar a "verdade" dos fatos precisamente observados e recolhidos documentalmente. É neste contexto que as questões individuais de anomalias de comportamento (como o sacerdote, de A mortalha de Alzira) tiveram um preponderante papel: ao investigar através da ciência que se desenvolvia à época o comportamento humano, os autores naturalistas queriam afirmar os condicionamentos do meio sobre o indivíduo; com isso, denunciavam a injustiça de certas instituições e mostravam alguns comportamentos perturbados ou doentios daí decorrentes. Em A mortalha de Alzira o crítico Moisés Massaud considera inovador o fato que o histérico seja um homem, no caso um padre; pois, até então, eram as mulheres as histéricas, e vários romances à época trataram do tema da histeria feminina. Também considera importante o fato de que Aluísio Azevedo denuncia a educação recebida pelo sacerdote como a razão de seu infortúnio, por não lhe ter permitido escolher um outro destino. A figura do médico, muito comum nos romances naturalistas, também está presente em A mortalha de Alzira (o dr. Cobalt), confundindo-se com o próprio romancista, pois é quem investiga o comportamento da personagem/paciente.

As Memórias de um Condenado / Condessa Vésper

              Condessa Vésper , de Aluísio Azevedo, foi primeiramente publicado no periódico Gazetinha, como romance-folhetim. Ao ser editado em livro, sofreu severas alterações, tendo sido totalmente modificado, ganhando, inclusive, um bizarro capítulo 0. Além do mais, este "caso extraordinário" que, na linguagem jornalística da época detinha o acento sensacionalista das reportagens, ficou menos escandaloso em livro. 
                  Trata-se de um romance que, se traz os defeitos de sua estrutura folhetinesca, tem características bem mais relevantes, dentro do estilo realista-naturalista que marcou a produção do autor, aliás um dos primeiros - senão o primeiro - escritor profissional do Brasil. 
                Próximo de um romance de costumes, A condessa Vésper oferece agudas observações da geografia humana do Rio de Janeiro da época, descreve admiráveis painéis da cidade, dentro da perspectiva detalhista que caracteriza o estilo. Do mesmo modo, estão presentes certos modos de falar e a riqueza vocabular que alguns tipos humanos, ousadamente reconhecíveis nas classes despossuídas, faziam uso.
                  Este romance, um tanto esquecido na produção de Aluísio Azevedo, embora guardando todas as passagens do folhetim, foi também a caricatura viva e dinâmica das bases, digamos, podres da sociedade imperial. 
                Evidentemente, ao tematizar a parte maldita da sociedade, nosso autor não chega a ser um maldito, na acepção decadentista do termo, mas, de qualquer modo, se não houvesse a caricatura, bem poderia ter sido um deles.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Casa de pensão

                 A obra conta a historia de um jovem rico maranhense que era educado severamente e que foi morar no RJ para estudar medicina. Amâncio vai morar na casa de um amigo de seu pai ( Sr. Campos) que é casado com Dona Hortênsia (por quem virá apaixonar em breve. Dias depois de sua chegada, o jovem reencontra um velho amigo maranhense, Paiva Rocha, que lhe faz a cabeça e o faz entrar na vida de boemia e bebedices. Este amigo lhe indica então uma casa de pensão de um amigo dele, João Coqueiro. Este, juntamente com sua esposa, Madame Brizard, sabendo da riqueza do jovem rapaz, planejam fazer com que Amâncio se case com Amélia ( irmã de João Coqueiro) e o tratam com um diferencial dos outros hospedes que viviam num ambiente de falsa  moralidade, vivendo jogos de interesse, sexualidade, doenças, etc
                Quando Amâncio adoeceu, Amélia encheu-o de cuidados, tornando-se assim sua amante. Mas Amâncio nunca esquecerá Hortênsia. Mais tarde, o pai do jovem veio a falecer e então ele resolve voltar para o Maranhão para consolar sua mãe. João Coqueiro com medo de perder sua fonte de dinheiro, proíbe Amâncio de voltar a sua terra natal enquanto ele não se casar com sua irmã. Amâncio, tentar fazer sua viagem escondido, mas João Coqueiro descobre e denuncia-o a policia por ter seduzido e desonrado sua irmã. O estudante vai ao julgamento. O caso teve grande repercussão e as maiorias dos estudantes apóiam Amâncio. João Coqueiro forja provas e testemunhas e faz com que o Sr. Campos fique contra o estudante enviando lhe uma carta amorosa do estudante para sua esposa. No entanto, Amâncio é absorvido. Encurralado pela sua situação diante da sociedade, João Coqueiro pega sua arma e vai atrás do estudante no hotel em que ele se hospedou. E, quando a prostituta que acompanhava o estudante abre a porta do quarto, João Coqueiro atira em seu peito (matando-o) e tenta fugir, sendo agarrado por um policial. Todos os moradores da cidade queriam ver o morto, mesmo que seja por uma foto. Quando a mãe do morto, chega ao RJ ( sem saber do falecimento do filho), ela se depara com uma foto deste morto e ensangüentado.

O cortiço


      O livro começa nos apresentando João Romão, um homem ambicioso e sovina. Ele vive amigado com Bertoleza, uma escrava a quem ele diz que comprou a carta de alforria para que vivessem um romance, mas que na verdade ainda continua cativa e só o interessa como mão-de-obra, para que juntos trabalhem incessantemente e ele possa enriquecer.
      Assim, João Romão consegue tomar como patrimônio um cortiço -  construído com materiais roubados de obras vizinhas, uma taverna – na qual ele rouba em pesos e medidas de seus fregueses, além de uma pedreira – atrás do cortiço.
     Buscando expandir seus negócios ele vai comprando braças de terras dos vizinhos, exceto de um – o Miranda, comerciante bem estabelecido que se recusa a vender o que quer que fosse porque nutre um ódio profundo por João.
     Esse ódio é recíproco e para se tornar tão rico quanto o vizinho, Romão trabalha ainda mais e passa por privações, economizando cada vintém que possa engordar seu saldo bancário, isso até o dia em que o tão invejado vizinho se torna barão e nesse momento Romão entende que não importa só ser rico se não usufruir dessa riqueza, e então passa a ler romances, usar roupas finas, comer pratos requintandos,etc.
     Obviamente,ele não inclui Bertoleza nessa mudança de hábitos o que torna cada vez mais clara a relação de senhor e vassalo.
     Enquanto isso no cortiço, vivem pessoas muito humildes, entre eles um casal de portugueses – Jerônimo e Piedade – ela uma lavadeira, dona de casa exemplar e muito apaixonada pelo marido e ele um homem forte, honesto, justo e fiel a esposa, eles trabalham muito para que possam sustentar sua filhinha num bom colégio com a esperança de que a pequena tenha um futuro melhor, enfim, vivem felizes até o dia em que o português se encanta pela mulata Rita Baiana e para a ter mata o namorado dela, larga a esposa e passa a viver com a mulata uma vida tresloucada, regada a sambas e bebedeiras.
     Piedade fica muito desgostosa da vida e também passa a viver embriagada, sem dar conta de nada, nem mesmo da filha que é expulsa do internato por falta de pagamentos e acaba sendo aliciada por prostitutas.
Nesse meio tempo, Romão torna-se um legítimo burguês e transforma seu cortiço em uma vila que ostenta ares aristocráticos e não hospeda mais a mesma ralé dantes. Ele agora se sente no mesmo patamar de Miranda e dessa maneira pede ao vizinho a mão de sua filha em casamento.
     A relação entre os dois se estreita e a data do matrimônio se aproxima. Bertoleza percebe que ficou para trás e não acha justo que ela não possa usufruir de uma riqueza que ajudou a construir e então começa a pressionar o burguês. Este procura se ver livre daquela escrava que agora ele julga tão asquerosa que não consegue entender como algum dia pode se juntar, a solução encontrada foi devolve-la a seu dono e manda uma carta a ele informando o paradeiro da escrava fugida.
     Pois bem, no dia em que os donos da escrava vão buscá-la, Bertoleza num ato desesperado se suicida e nesse mesmo instante chamam João Romão a uma outra sala para que este receba um prêmio por ser abolicionista. 

Principais características da obra:

  • Foi o primeiro livro brasileiro a narrar um relacionamento lésbico. 
  • A trama se desenvolve num cortiço do Rio de Janeiro e trata das relações sociais da época. 
  • Uma característica marcante dessa obra, ou melhor, desse autor é o naturalismo, cuja intenção era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. 
  • Há presente o determinismo, quer dizer, uma corrente que prega que o meio determina o homem, podemos notar isso claramente neste livro, pois as personagens que aparentemente tinham um futuro muito bom e promissor ao morar no cortiço, um ambiente tido como deturpador, viam seus planos esfacelarem-se e acabarem infelizes e sem rumo.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Livro de uma sogra

            Este título começa com uma pergunta. O narrador certo de sua solidão pensa por um instante em se casar pra livrar-se dela. Mas, ao lembrar-se de um velho amigo de sua juventude, um rapaz de coração generoso, caráter sério, forte e bem apessoado que se casou com Palmira, moça considerada de boa família, mas que ao ver de todos possuía uma mãe infernal desconsiderou a hipótese de casar-se. Depois de muitos anos resolveu então ver como andava a vida de seu amigo Leandro e o que acontecera com sua cruel sogra. Porém, ao se deparar com seu amigo encontra-o equivocado em relação a sua sogra. Leandro que antes considerava a sua sogra uma víbora, sempre pronta para atrapalhar, o seu relacionamento com sua esposa agora acreditava que ela era uma santa. Para responder ao porque da mudança repentina do pensamento de Leandro relacionada à imagem da sogra entrega um livro ao seu amigo e diz que nele ele encontrará as respostas. Tal livro foi escrito pela sogra de Leandro a partir da data do casamento dele com sua filha Palmira. E pediu para eles que quando o fim de sua vida chegasse abrissem a gaveta de sua secretária, e tirassem de lá o manuscrito... Encontraram a justificação plena de todos os seus atos e de todas as suas palavras. Por amor a filha, concebeu aquelas idéias, e para seu genro, escreveu. Seu maior desejo era que sua filha não cometesse os mesmos erros que ela. Pediu para que lessem com atenção e procurassem seguir à risca os preceitos que lá se achavam estabelecidos. E disse que se assim o fizessem, iriam ser eternamente felizes. Teriam a felicidade em que se funda a vida. Aconselhou-os ainda a terem cada um dos dois um amigo porque todo homem e toda mulher precisam de um companheiro para sua alma, pois o amor não e só procriação.

Uma lágrima de mulher

            Em uma ilha na Sícilia morava Maffei, sua filha Rosalina e a criada Ângela. Rosalina era uma menina encantadora que nunca saira da pequena ilha. Num certo dia, cansado da sua vida medíocre e seduzido pela fortuna, Maffei resolve viajar para Nápoles. Ia o pescador deixar a filha com Ângela durante o período que estivesse fora. Apesar de todos os dias sentir muita falta de seu pai, Rosalina continuava a freqüentar as missas de domingo. E foi numa dessas que ela conheceu Miguel, um poeta, por quem se apaixonou. Seis anos após sua partida, Maffei volta a pequena ilha agora dono de uma grande fortuna. Rosalina já não era alegre, agora era triste e andava suspirando de saudade de Miguel, que com a chegada do pai de Rosalina havia desaparecido, por não ser bem quisto por Maffei. Depois dealgum tempo sem dialogo Rosalina decidiu conversar com seu pai sobre Miguel. Como já era de se esperar ele ficou furioso e tento coagir Miguel a se afastar de Rosalina. Durante uma briga Maffei jogou Miguel de um precipício e tendo como desculpa a sua morte convenceu a Rosalina ir para Nápoles  com ele. Em Nápoles moravam em um grande edifício todo em mármore cor-de-rosa.  Modificaram –se os caracteres mais firmes e delicados, as crenças, convicções o capricho e a vaidade tomaram lugar. Maffei já era poderoso e ridículo, rodiado de homens elegantes que viviam as custas dele, apesar de tanta riqueza durante o sono Miguel aparecia em seus sonhos cheio de sangue, a culpa o corroia. Rosalina transformava-se dia  a dia. Já não dava a mais pálida idéia da antiga camponesa, formosa, cheia de ternura e inocência. No baile que acontecia em sua casa, Rosalina encontrou um rapaz até então desconhecido e ao dormir depois de muito tempo sonhou com Miguel. Depois de longo e profundo cismar, ela recordou de quem se tratava. Do artista que tanto amara, ele não havia morrido.
         No entanto Rosalina estava noiva de um fidalgo e para salvar seu pai que estava endividado disse a Miguel que se casaria. No dia em que foi anunciado o noivado, com uma grande festa na casa de mármore Miguel mata Maffei.  Com a morte de seu pai Rosalina decidiu encontrar novamente Miguel e dizer o quanto o amava. Quando o  encontro se deu Miguel caiu  em seus braços. Ele estava morto. Então, uma lágrima cristalina, desprendendo-se do coração, rolou pelas faces da mulher. Chorou pela primeira vez.

Filomena Borges

            Em seus livros, o cotidiano da vida na cidade, com alguns de seus personagens mais típicos, é elemento constante. Neste romance encontramos o casal Borges e Filomena: esta, ambiciosa,busca através do casamento uma forma de ascender socialmente.
           Borges, no entanto, embora possua bens, é pacato, dócil cidadão sem muitas ambições. Assim, não corresponde ao ideal de marido que Filomena tem em mente. Esta buscará, então, modificá-lo a todo custo. Um incidente na primeira noite mostra para Borges como será difícil seu casamento: Filomena o expulsa do leito nupcial, obrigando-o a dormir fora do quarto. Durante muito tempo a situação permanece sem alteração, apesar dos agrados constantes de Borges à esposa do cumprimento de todas as exigências dela, as quais, finalmente, acabarão por modificar profundamente o pacato marido, além de levá-lo à ruína econômica. Borges faz tudo pelo sentimento que dedica à esposa, mas nunca chegará a desfrutar do que deseja acima de tudo: paz e tranqüilidade ao lado de sua Filomena.


Principais características da obra
  •  Este romance é importante para a compreensão da personalidade literária de Aluízio de Azevedo que se caracteriza por uma mistura de bom humor e melancolia. O grande número  de palavras em francês de que se utiliza  o autor, decorre da tendência vigente na época, quando a nossa literatura não só fazia uma abundante de termos franceses como tinha nela seu principal modelo.
  • Linguagem informal.
  • È um romance autocrítico.
  • Intertextualidade:
Vênus e Adônis, Shakespeare [1593]:
  •   Exploração dos dotes físicos das personagens, presentes nos trechos:
“Não seria crível que uma mulher, tão formosa e tão lúcida, tivesse como marido aquela besta do alto Amazonas?... ( Cap. XVII)
  • Filomena Borges X Rita Baiana
Por  Filomena europeizar o amado, é uma personagem como Rita Baiana que  em “O Cortiço”, tenta abrasileirar o marido Jerônimo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O mulato


          Quando Raimundo nasceu,seu pai,José Pedro da Silva,era casado com Quitéria de Freitas Santiago,que era mulher branca. Sua esposa decidiu acoitar e queimar os genitais da escrava Domingas,por causa da atenção que aquele dava a esta. Sem saber o que fazer, José Pedro leva o filho para casa do irmão em São Luiz .Regressando á fazenda ele encontra sua esposa transando com o Padre Diogo que naquela situação vergonhosa,acaba matando sua esposa,sendo o próprio Padre como testemunha. Depois de ambos fazerem um pacto de cumplicidade, José sai da fazenda e vai pra casa de seu irmão,onde morre. Raimundo que havia ficado anos na Europa,decide retornar ao Brasil e depois de ficar um ano no Rio volta para a sua terra,São Luiz,onde foi teve uma recepção calorosa de sua família e ao mesmo tempo pode rever seu tio e tutor Manuel Pescada. Depois de muito tempo, Raimundo já crescido decide investigar sua infância e acaba convencendo seu tio a visitar a fazenda onde fora criado quando criança. Ana Rosa, que era a sua prima,se apaixona por ele.
                     Para que esta paixão se efetivasse teria que ser removido três barreiras:o pai da moça queria que a mesma se casasse com um dos caixas onde trabalhava;o cônego Diogo que era inimigo de Raimundo e por ser ele o responsável pela morte do pai deste e a avó da moça ,Maria Barbara,que era racista .Pouco a pouco começou a saber dos fatos relacionados á sua infância. Pede-se a mão de Ana Rosa e depois descobre que o razão de não se casar com ela era por causa da sua cor. Volta pro Rio,escreve uma carta para esta,revelando o seu amor pela mesma.
           Mesmo diante das proibições eles tentaram fugir. Uma carta foi interceptada pelo caixeiro Dias,empregado de Manuel Pescada. Quando foram efetuar a fuga,são descobertos. O caixeiro Dias acaba assassinando Raimundo por uma arma que era do cônego. Quem foi o autor da cilada foi o cônego. Ana Rosa aborta a criança. 
               A obra foi publicada no auge da campanha contra a escravidão, criticando-a severamente, assim como a igreja (Padre Diogo como vilão). Descreve a sociedade maranhense, enfatizando seus costumes e particularidades e faz uma crítica a sociedade.

  Principais características da obra:
·    A crítica à hipocrisia da vida provinciana parece também decorrente do fato de que a sociedade conservadora de São Luís hostilizou duramente os pais de Aluísio, que não eram casados e viviam juntos. Em O Mulato, Aluísio parece vingar-se de São Luís
·      Na época, a obra foi muito mal recebida pela sociedade maranhense e Aluísio Azevedo, que já não era visto com bons olhos, tornou-se o "Satanás da cidade"
·      A obra se caracteriza por ser: anti-racista, anticlericalismo, naturalista
·   No livro, Aluizio faz relações com a sociedade maranhense daquela época, descrevendo seus personagens como “ o comerciante rico e grosseiro, a velha beata e raivosa, o padre relaxado e assassino, e uma série de personagens que resvalam sempre para o imoral e para o grotesco.”



O homem


      Este livro nos traz a história de Madalena, mais conhecida como Magdá, a filha do Conselheiro Pinto Marques, ela vivia com seu pai, sua tia Camila – uma velha carola, e Henrique – afilhado do conselheiro.
      Henrique e Magdá foram criados juntos e desde sempre haviam prometido ser um do outro, sendo assim combinaram que se casariam    logo que o rapaz se formasse. Pois bem, o tempo foi passando e aproximava-se o dia da formatura, o moço foi pedir a mão de Magdá ao conselheiro que fez uma revelação bombástica: Henrique e Magdá não podiam se casar porque eram irmãos.
      O rapaz ficou muito triste com a notícia, mas havia prometido que não revelaria este segredo a ninguém, deste modo disse à sua ''noiva'' que faria uma viagem à Europa. A moça notando a frieza com que seu amado lhe tratara, ficou muito abatida e caiu doente, de tal forma que seu pai viu-se na obrigação de lhe contar a verdade, esta aos prantos despediu-se de seu irmão.
      Desse dia em diante, o conselheiro passou a promover muitos bailes em sua casa, a procura de um noivo para sua filha, posto que Dr. Lobão – o médico da família, atentou para o fato de que se a jovem não arrumasse um marido logo, poderia enlouquecer.
    Em meio a tantas festas, veio uma notícia triste, Henrique havia morrido em Portugal vítima de uma doença nos brônquios. Desse dia em diante, Magdá sempre sonhava com seu irmão, porém não contava isso a ninguém.

     Os bailes tornaram-se mais frequentes, e a moça não se decidia por nenhum pretendente e então proclamou que não se casaria mais. Preocupado com a decisão da filha, o conselheiro levou-a para passar uns tempos na Europa e de lá – incentivada pela tia Camila – voltou ainda mais religiosa e convicta que se casaria somente com Jesus. Dr. Lobão aconselhou que se mudassem para o campo, um lugar onde não houvessem igrejas.
        Na nova casa, a donzela passava os dias divididos entre orações ou a olhar pela janela de seu quarto os trabalhadores de uma pedreira. A cada dia ficava mais rabugenta.
      Um dia resolveu ir lá no topo da pedreira e seu pai embora achasse aquela ideia estranha como não recusava nada a menina resolveu acompanhá-la, a subida foi difícil mas a descida parecia impossível. Diante daquela situação, um rapaz que lá trabalhava prontificou-se a ajudá-los e trouxe a moça no colo.
      Era um rapaz forte, musculoso e que estava nu da cintura para cima. Magdá parecia estar dormindo nos braços dele, mas quando foi colocada no chão demonstrou tremendo asco que deixou o moço sem reação.
       A partir de então, sonhava com ele todas noites e no dia seguinte sentia repugnância daquilo. Tia Camila morreu e foi contrataram Justina para cuidar da moça. Esta estava enlouquecendo, tinha ataques nervosos constantemente e agora ostentava uma aparência cadavérica.
     Justina tratava a enferma com enorme cuidado, dava-lhe toda a atenção e por vezes a ninava feito criança. Magdá fazia-lhe muitas perguntas e em meio a elas descobriu que a criada era irmã de Rosinha, a noiva de Luís – o rapaz da pedreira. Soube também que eles estavam de casamento marcado e só estavam esperando o presente do padrinho. 

    Durante esse tempo, a enferma continuava a sonhar com Luís, em seus delírios eles vivam numa ilha e trocavam juras de amor.
    O dia do casamento chegou e no cortiço onde moravam aconteceu a maior festa, que foi ouvida por Magdá pela janela de seu quarto. No dia seguinte, esta mandou chamar os noivos e prometeu presenteá-los.        A louca ofereceu-lhes vinho envenenado e findando a vida daquele jovem casal.
      A louca foi levada para o hospício, estava incontrolável, rugia feito uma fera e estava destinada a passar o resto de seus dias ali. Deixando do lado de fora seu pai a soluçar de tanto chorar.

Principais características da obra:


  • A obra tem um fim trágico. 
  • Notamos mais uma vez a presença do determinismo, pois a moça de tanto ouvir que acabaria enlouquecendo e sendo tratada como tal, faz jus àquele diagnóstico e termina no hospício. 
  • Trata-se uma obra naturalista, pois crítica a realidade corrompida da época, no âmbito de que se uma moça não casasse estava destinada a loucura.