Condessa Vésper , de Aluísio Azevedo, foi primeiramente publicado no periódico Gazetinha, como romance-folhetim. Ao ser editado em livro, sofreu severas alterações, tendo sido totalmente modificado, ganhando, inclusive, um bizarro capítulo 0. Além do mais, este "caso extraordinário" que, na linguagem jornalística da época detinha o acento sensacionalista das reportagens, ficou menos escandaloso em livro.
Trata-se de um romance que, se traz os defeitos de sua estrutura folhetinesca, tem características bem mais relevantes, dentro do estilo realista-naturalista que marcou a produção do autor, aliás um dos primeiros - senão o primeiro - escritor profissional do Brasil.
Próximo de um romance de costumes, A condessa Vésper oferece agudas observações da geografia humana do Rio de Janeiro da época, descreve admiráveis painéis da cidade, dentro da perspectiva detalhista que caracteriza o estilo. Do mesmo modo, estão presentes certos modos de falar e a riqueza vocabular que alguns tipos humanos, ousadamente reconhecíveis nas classes despossuídas, faziam uso.
Este romance, um tanto esquecido na produção de Aluísio Azevedo, embora guardando todas as passagens do folhetim, foi também a caricatura viva e dinâmica das bases, digamos, podres da sociedade imperial.
Evidentemente, ao tematizar a parte maldita da sociedade, nosso autor não chega a ser um maldito, na acepção decadentista do termo, mas, de qualquer modo, se não houvesse a caricatura, bem poderia ter sido um deles.
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