sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O cortiço


      O livro começa nos apresentando João Romão, um homem ambicioso e sovina. Ele vive amigado com Bertoleza, uma escrava a quem ele diz que comprou a carta de alforria para que vivessem um romance, mas que na verdade ainda continua cativa e só o interessa como mão-de-obra, para que juntos trabalhem incessantemente e ele possa enriquecer.
      Assim, João Romão consegue tomar como patrimônio um cortiço -  construído com materiais roubados de obras vizinhas, uma taverna – na qual ele rouba em pesos e medidas de seus fregueses, além de uma pedreira – atrás do cortiço.
     Buscando expandir seus negócios ele vai comprando braças de terras dos vizinhos, exceto de um – o Miranda, comerciante bem estabelecido que se recusa a vender o que quer que fosse porque nutre um ódio profundo por João.
     Esse ódio é recíproco e para se tornar tão rico quanto o vizinho, Romão trabalha ainda mais e passa por privações, economizando cada vintém que possa engordar seu saldo bancário, isso até o dia em que o tão invejado vizinho se torna barão e nesse momento Romão entende que não importa só ser rico se não usufruir dessa riqueza, e então passa a ler romances, usar roupas finas, comer pratos requintandos,etc.
     Obviamente,ele não inclui Bertoleza nessa mudança de hábitos o que torna cada vez mais clara a relação de senhor e vassalo.
     Enquanto isso no cortiço, vivem pessoas muito humildes, entre eles um casal de portugueses – Jerônimo e Piedade – ela uma lavadeira, dona de casa exemplar e muito apaixonada pelo marido e ele um homem forte, honesto, justo e fiel a esposa, eles trabalham muito para que possam sustentar sua filhinha num bom colégio com a esperança de que a pequena tenha um futuro melhor, enfim, vivem felizes até o dia em que o português se encanta pela mulata Rita Baiana e para a ter mata o namorado dela, larga a esposa e passa a viver com a mulata uma vida tresloucada, regada a sambas e bebedeiras.
     Piedade fica muito desgostosa da vida e também passa a viver embriagada, sem dar conta de nada, nem mesmo da filha que é expulsa do internato por falta de pagamentos e acaba sendo aliciada por prostitutas.
Nesse meio tempo, Romão torna-se um legítimo burguês e transforma seu cortiço em uma vila que ostenta ares aristocráticos e não hospeda mais a mesma ralé dantes. Ele agora se sente no mesmo patamar de Miranda e dessa maneira pede ao vizinho a mão de sua filha em casamento.
     A relação entre os dois se estreita e a data do matrimônio se aproxima. Bertoleza percebe que ficou para trás e não acha justo que ela não possa usufruir de uma riqueza que ajudou a construir e então começa a pressionar o burguês. Este procura se ver livre daquela escrava que agora ele julga tão asquerosa que não consegue entender como algum dia pode se juntar, a solução encontrada foi devolve-la a seu dono e manda uma carta a ele informando o paradeiro da escrava fugida.
     Pois bem, no dia em que os donos da escrava vão buscá-la, Bertoleza num ato desesperado se suicida e nesse mesmo instante chamam João Romão a uma outra sala para que este receba um prêmio por ser abolicionista. 

Principais características da obra:

  • Foi o primeiro livro brasileiro a narrar um relacionamento lésbico. 
  • A trama se desenvolve num cortiço do Rio de Janeiro e trata das relações sociais da época. 
  • Uma característica marcante dessa obra, ou melhor, desse autor é o naturalismo, cuja intenção era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. 
  • Há presente o determinismo, quer dizer, uma corrente que prega que o meio determina o homem, podemos notar isso claramente neste livro, pois as personagens que aparentemente tinham um futuro muito bom e promissor ao morar no cortiço, um ambiente tido como deturpador, viam seus planos esfacelarem-se e acabarem infelizes e sem rumo.

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